A primeira edição da "Mostra Cujuba de Artes Integradas", registra um "encontro de águas" entre artistas residentes em Rondônia, e de outras margens do Brasil, como Pernambuco, Maranhão e Pará, com o anfitrião da casa, Mestre e Poeta Dom Lauro. 

Assim, como pesquisa-viva, Dom, permitiu o acesso em seus cursos vindos do tempo, do vento, e do banzo, num atravessar das letras, sonoridades, cores, corda, profundidade e sentidos de um curso sem cursar; mas num pleno movimentar por si... Só que pelas vias da memória do Rio Madeira, do Rio Guaporé; e de todos os Rios que se encontram com o Mar; numa doce prova de que não só de TERRA vivem os corpos. É da água que surge a vida, e os dias. A água é quem LEVA e LAVA A TERRA, de gota, em gota; inundando idas e vindas, e suas mensagens no Ar; encantadas nas vias de Dom Lauro, um mensageiro ESPACIAL dessas histórias. 

Organizar o acervo de Dom Lauro, bem como pensar e exercitar o desdobramento da diversidade de suas mensagens, tem me apontado uma forma importante de perceber por onde as linhas destes tantos cursos trafegam; descansam; entrelaçam; repelem; estranham; transbordam, se juntam, separam abraçam; inclusive, umidificando na dança do fazer encontrado, experienciado conscientemente por Iara Campos (PE), artista do teatro e da dança trazendo um solo úmido, no ato de seu corpo, em antologias geralmente caladas, mas encontradas aos pedaços por Dom Lauro em Espia Poesia, e Antologias poéticas ; bem como o atolar dos trilhos de um trem em pleno desenvolvimento, remontado pela artista visual, Ana Mendes (PA); em cor e outro tratamento ao dito desbravamento; um ato de genocídio, ressignificado em termos, comportamentos e imaginários da ainda e atual era colonial. "Colônia" que ao toque do arte ativista Lucas Mura (RO), pode nos remeter à Alfazema. Pela condição de ouvir sentindo o cheiro do toque do Vale do Guaporé, intercalado aos reclames de Dom e do BerimbauOssauro, nos levando também às andanças pelas beiras do Rio Madeira. O povo Mura vem de lá. Inclusive misturados aos povos chegados do Maranhão. Aqui o boi nunca deixa de cantar na beira, e salvar a todo o povo das andanças por essas águas dessas tantas regiões, que também nos leva à beira do Mar, ao encontro de Dj Nanny Ribeiro (MA), pesquisadora e e dramaturga sonora, ascendendo das triscadas da corda de aço do BerimbauOssauro, uma roda ancestral em plena onda sonora; nos remetendo às retomadas. Assim, como Margot Paiva (RO), artista plástica e arquiteta, realizando um marcante registro do BerimbauOssauro, ao retomar a importância de reconhecer o que nos preenche por dentro, tanto em simetria e formas, quanto em harmonias de uma corda só. 

Esta edição marca, sobretudo, a beleza da integração das múltiplas formas de se pensar e fazer a arte; principalmente celebrando este termo, a ARTE, como a própria cultura de resgate a nossos corpos-memória; assim notando a participação do jornalista André Oliveira (RO), dedicado a reconhecer a cultura de Rondônia, e divulgá-la em suas diferentes formas; percebendo no espaço as possibilidades surgidas da integração entre nós que estamos com quem sempre chega; como Yesha - Leão do Norte (RO), músico e ativista do reggae, que chegou no espaço das letras de Dom, deixando fluir Porto do Velho: um reclame dito pela própria natureza de Dom, sobre o desenvolvimento. 

Aos que chegam, desejamos que fiquem com as mais (IM)possíveis sensações, que esse encontro de águas margeadas por letras, imagens, sentidos, sons e MUITAS FORMAS DE MENSAGEAR O MUNDO, possa lhe causar. A outra parte é com vocês! 

Desejamos uma excelente mostra !

Marcela Bonfim, Dom Lauro, Hely Chateaubriand e os sete artistas que compõe este fluxo sem fim...