Casa ou baito?
"Choupana de varões, teatro, estúdio de música, ágora, galeria de arte, editora, laboratório de experiências malucas. Tudo isso e muito mais. As redes armadas sempre, uma espécie de berimbau sobre pés plantados no meio da sala, as caixas sonoras duas latas de querosene. Uma cumeeira altíssima, a coberta de palha de carnaúba trançada, por onde não passa água, arrumada em planos desiguais sugerindo uma catedral. Chega-se à casa aberta e ampla por meio de uma escada íngreme. Exílio de Babel onde todas as vozes sentem-se acolhidas. A parede da frente em varas de bambu, deixa passar o vento, quando ele sopra. Deito-me numa rede, experimento esquecida alegria. Desejo ficar. Os poetas ocupam o centro da ágora, declamam, cantam, tocam o marimbau. Também me dano a cantar. Dom Lauro é o autor do cenário que me cerca, a nave amazonense pairando sobre Porto Velho. A música cresce, poemas se declamam, alguns sublimes como o Poronga de Dom Lauro. Troveja e chove forte, por bastante tempo.
Temo explodir de felicidade. Antes que isso aconteça, acesso a razão de vigília e fujo da barca dos loucos"
Ronaldo Correia de Brito - poeta escritor, em passagem por Porto Velho.

Casa de Dom ?!
Durante dez anos, o Espaço Cujuba vem compondo com a cena artística de Porto Velho, Rondônia, a partir de diferentes formas rítmicas, conectando a musicalidade à literatura, ao teatro, às artes plásticas e visuais, e audiovisual, sempre considerando as nossas práticas e vivências internas, isto é, a forma que respiramos essa Amazônia, como conscientização do espaço e do tempo em que falamos, assim traduzindo as memórias locais, de nossas voltas e revoltas, defendendo a importância da educação dos sentidos e dos sentidos ambientais.
A integração natural dessas artes, onde os diversos artistas que passam e que também permanecem, fazem da experiência, e do espaço, a própria forma de se relacionar com o anfitrião, o Poeta Dom Lauro, e seu ''Berimbau Ossauro'', instrumento experimental batizado por ele, possibilitando a integração da arte, da composição e das práticas de inter-relacionamento a partir da experimentação diferenciada e muito vívida.
Com a integração da arte com suas estruturas buscamos promover, sobretudo, a visibilidade de artistas de Rondônia, que como o anfitrião desta casa, que se abre como pesquisa-viva, utilizam dos vários meios, a forma de se conhecer, integrado à forma e a vivência, divulgando seus meios para outros meios de se permitir a arte.
Ainda que o espaço permaneça em resguardo, bem como o poeta Dom Lauro, estamos em fase de organização interna do acervo e das instalações da Casa, para que aos poucos possamos retomar as atividades, no segundo semestre de 2022, publicando agendas culturais de interesse público.
A organização da Casa é realizada pelo artista Hely Chateaubriand, bem como direção do núcleo de audiovisual, e também a produção da Mostra Cujuba de Artes Integradas, além das parcerias com o Mestre.
A Casa já contou com a organização de Rafael Altomar, músico e produtor cultural da cidade, que realizou importantes ações, como o Cujuba Sessions, uma referência de série quando se trata de conteúdos culturais apresentados pela cidade, abrangendo parte bonita e expressiva da cena artística musical de Porto Velho.



R E S U L T A D O
1. Artistas convocados – 2ª Mostra Cujuba de Artes Integradas
Mila Mura e Coletivo Mura – Resex Rio Preto
João Aquino Ibanez – Porto Velho
Eliézer Wanderley da Silva (Professor Eliézer) – Porto Velho
Gleidson Mendes de Lima – Porto Velho
Raquel Ester Campés Pereira – Porto Velho
Ronaldo Farias Lemos – Porto Velho
Khauane Farias – Porto Velho
2. Estudantes selecionados para Estágio em Arte – 2ª Mostra Cujuba de Artes Integradas
Cleber Cardoso Barbosa dos Santos
Raoní Izoli Amaral
Isabelle Marinho
Sobre a Mostra
Estão abertas as inscrições para a 2ª Mostra Cujuba de Artes Integradas, iniciativa cultural que une arte, ecologia, memória e formação em uma experiência artística imersiva com sede em Porto Velho (RO). A mostra será realizada no Espaço Cujuba, sob a curadoria de Marcela Bonfim, mediação artística do mestre Dom Lauro, e produção de Hely Chateaubriand Rosa Sodré.
Com o tema “Arte e o Clima”, esta edição propõe como principal exercício artístico a utilização de resíduos sólidos descartados na natureza como matéria-prima, incentivando práticas sustentáveis e provocando reflexões sobre o meio ambiente e a criação artística. Os trabalhos selecionados serão expostos presencialmente na Galeria Cujuba, com permanência de 30 dias, além de serem exibidos de forma virtual na plataforma da casa.
A segunda edição da mostra é viabilizada com recursos da Lei Paulo Gustavo, iniciativa federal de fomento à cultura que visa apoiar produções artísticas em todo o território nacional. Com isso, o projeto reafirma o compromisso com políticas públicas de valorização da arte e incentivo à democratização do acesso à produção cultural, especialmente na região amazônica.
Observação:
Os vídeos a seguir foram gravados no âmbito da primeira edição da Mostra Cujuba, mas refletem os princípios, objetivos e dinâmicas que orientam esta segunda edição.
Compor ?
Relato de Marcela Bonfim - (Re)conhecendo a Amazônia Negra e compositora curatorial da Mostra Cujuba de Artes Integradas
Falar em composição, é lembrar como é importante viver o dia de hoje, porque ontem estávamos fazendo de tudo um pouco, para chegarmos até aqui.
Há 6 anos, eu conhecia o Espaço Cujuba. À primeira vista, uma espécie de casa móvel, com muitas possibilidades de cenas, e sensações; enquanto eu sem ideia dos dias que me atravessariam, na companhia das letras, imagens e sons das mais diversas naturezas; que me fizeram sentir possível, me levando a recordar o que a minha avó insistia sobre "a hora certa das coisas". Em síntese: nunca será na hora que queremos. E, sim, "na hora certa das coisas". Crendo, hoje, que a hora certa das coisas é quando nos sentimos possíveis. Me senti assim no Espaço Cujuba.
Mas, voltando a 2010; ano que cheguei a Porto Velho; numa das raras oportunidades que encontrei com Dom Lauro, na saída de um evento, ele me deu um livro que acabava de lançar, o "Espia a Poesia". No entanto, o livro ganhou sentido, apenas alguns anos mais tarde, em 2016, quando entrei no Cujuba pela primeira vez, com o anfitrião me abrindo as portas do seu espaço para que eu pudesse levantar o primeiro grande voo como artista.


Em 21/05/2016, ápice da Lua Cheia, eu lançava a primeira mostra visual, "(Re)conhecendo Amazônia Negra: povos, costume e influências negras na floresta", ali, no Espaço Cujuba, e nela, a primeira parceria com Dom Lauro, um experimental com a poesia "Ilhados", do Livro que ganhei de Dom, "Espia a Poesia", declamada por ele, com o toque do BerimbauOssauro":
Já em novembro de 2018, convidei Dom para continuarmos desdobrando a poesia "Ilhados", e quem sabe alcançarmos sentidos de uma melodia. Partimos rumo ao Ceará, terra onde Dom Lauro nasceu, para abrirmos juntos a mostra "(Re)conhecendo Amazônia Negra: povos, costume e influências negras na floresta", na Caixa Cultural, ao som do "BerimbauOssauro", e da poética "Ilhados", acrescida de um trecho de "O que penso de Terreiro"; livro de barbante, que o Mestre escreveu, com as primeiras imagens que registrei de terreiros; iniciando a performance com a frase: "A Cor da pele Fere. A cor da pele tem o seu Valor", e seguindo com aspectos que ainda se apresentam desta história que Dom recebeu do lado de dentro de um navio.
Assim, convidamos a todas e a todos, a exercitarem este processo de integração e sentidos, que é móvel, como a natureza, e suas possibilidades!
Sejam bem-vindas e bem-vindos à Mostra Cujuba de Artes Integradas !
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🖌️ Inscrições
A convocatória selecionará 07 artistas residentes em Rondônia, sendo 05 de Porto Velho e 02 de outras cidades do interior, além da modalidade Estágio em Arte, que oferecerá 03 vagas para estudantes de artes ou áreas afins atuarem como mediadores culturais durante o período expositivo.
👉 As inscrições para artistas são gratuitas;
👉 As inscrições para Estágio em Arte são gratuitas.